Ambiente virtual de debate metodológico em Ciência da Informação, pesquisa científica e produção social de conhecimento

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Revista Anales de Documentación

A partir de 2011 la revista Anales de Documentación editada por la Facultad de Comunicación y Documentación de la Universidad de Murcia, publicará dos números al año, uno en febrero-marzo y otro en septiembre-octubre. Además, la gestión de la revista pasó a ser realizada con OJS por lo que permite la suscripción de lectores y deja el envío de artículos y reseñas bibliográficas permanentemente abierto. Anales de Documentación está indizada en la bases de datos LISA, LISTA, ISOC, en los repositorios digitales e-revistas@s, E-LIS y Redalyc y recogida en DICE y en el Catálogo Latindex. Todos los números publicados desde 1998 también están a  disposición en pdf.

Para acceder a los Anales de Documentación pulse acá. Para más informaciones entre en contacto con el director Isidoro Gil Leiva en isgil@um.es

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VOLUMEN 13 publicado en junio de 2010 (ÚLTIMO):


Investigaciones y estudios
Tratamiento informativo de la prensa hacia la figura –persona y actor- de Francisco Rabal desde 1951 a 2001
  -Miguel Ángel Blaya Mengual
El movimiento Open Archives Initiative (OAI) y su repercusión en la difusión del Conocimiento
  -María Dolores Borgoñós Martínez
Evaluación de la alfabetización informacional en el sector de la salud
  -Sania Cisneros Velázquez
Los libros electrónicos: la tercera ola de la revolución digital
  -José Antonio Cordón García, Julio Alonso Arévalo y Helena Martín Rodero
La importancia de los números especiales “fin de temporada” de la revista 6Toros6 como fuente de información especializada para la práctica periodística
  -María Verónica de Haro de San Mateo
Componente de formación del Plan Nacional de Lectura y Bibliotecas en Colombia: una apuesta de educación virtual
  -Edgar Allan Delgado Fuentes
Documentos y poder: órdenes del discurso
  -Alejandro Delgado Gómez
Fuentes de análisis para el estudio de la prensa diaria
  -Juan Ramón Fernández Gil
Web of Science vs. SCOPUS: un estudio cuantitativo en Ingeniería Química
  -María Isabel Escalona Fernández, Pilar Lagar Barbosa y Antonio Pulgarín Guerrero
Actualización del modelo de portal periodístico de prensa española
  -Rosana López Carreño y Juan Antonio Pastor Sánchez
Concepto, forma y longitud de los términos preferentes del tesauro: una propuesta de indicadores de calidad
  -Ana María Martínez et al.
Análisis de la correlación entre la audiencia web de los medios digitales de prensa española y su visibilidad en gestores sociales en noticias
  -Enrique Orduña Malea
Estructuras expositivas en documentación notarial del País Vasco
  -Asier Romero Andonegi
Los “niños de Morelia” y su tratamiento por la prensa mexicana durante el año 1937
  -Alfonso Sánchez Ródenas
De la planeación normativa a la planeación estratégica: el CONPAB y el Plan de Desarrollo Bibliotecario
  -Egbert John Sánchez Vanderkast
Proyección internacional de la producción científica en español
  -Verónica Vivanco Cervero

Traducciones
Manual de SKOS (Simple Knowledge Organization System, Sistema para la Organización del Conocimiento simple)
  -Grupo de trabajo del W3C

Reseñas
Información y Referencia en entornos digitales. Desarrollo de servicios bibliotecarios de consulta, de Merlo Vega, José Antonio. 
  -M.ª Dolores Ayuso García
El libro español del Renacimiento: la “vida” del libro en las fuentes documentales contemporáneas, de Pedraza Gracia, Manuel José.
  -Antonio Carpallo Bautista
Catálogo de la biblioteca romana del cardenal Luis Belluga: transcripción, estudio y edición. Vilar Ramírez, Juan Bautista; Sánchez Gil, Francisco Víctor y Vilar, María José. 
  -Cristina Herrero Pascual

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Pesquisa sobre Lingerie de Luxo com as mulheres do DF.


Essa pesquisa realiza uma análise aplicada à escolha de lingerie, avaliando o consumo de luxo por mulheres do DF.

As informações são totalmente confidenciais e só serão usadas para análises estatísticas.

Leva-se, no máximo, 15 minutos para responder!!!

Por favor, participem!!!

Para acessar o questionário clique aqui.

Se você tiver interesse em receber o relatório da pesquisa, por favor envie um e-mail para marinalafeta@gmail.com

Dúvidas e sugestões, também envie um e-mail para marinalafeta@gmail.com

Obrigada!

Graduanda da UnB em Administração de Empresas
Monografia: Consumo de luxo - uma análise aplicada à escolha de lingerie
Professora orientadora: Doutora Solange Alfinito

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A preservação da autenticidade na era digital.


Recentemente foi publicado o artigo Preserving authenticity in the digital age por Sharon Adam da San Jose State University, California. O texto retoma temas clássicos da diplomática e temas mais contemporâneos, como os colocados pelo projeto InterPares (ver aqui) e a automação da preservação da autenticidade. Trata-se de um excelente trabalho para marcar as especificidades da Arquivologia, que nem sempre podem ser contempladas por abordagens generalizantes de uma vertente da Ciência da Informação, que a entende como  uma evolução da Biblioteconomia, centrada em conteúdos informacionais. O texto foi publicado em uma conceituada revista científica, não adepta do sistema de acesso aberto, não sendo, portanto, lícito disponibilizá-lo neste blog. Para maiores informações acesse a URL permanente, DOI, aqui.

Agradeço à Mara Karoline Lins Teotônio (ver Lattes aqui) pela excelente dica.


Library Hi Tech

ISSN: 0737-8831
Online from: 1983
Options: To add Favourites and Table of Contents Alerts please take a Emerald profile

Preserving authenticity in the digital age


Document Information:
Title:Preserving authenticity in the digital age
Author(s):Sharon Adam, (School of Library and Information Science, San Jose State University, San Francisco, California, USA)
Citation:Sharon Adam, (2010) "Preserving authenticity in the digital age", Library Hi Tech, Vol. 28 Iss: 4, pp.595 - 604
Keywords:AccuracyArchives managementDigital storageInformation preservationTrust
Article type:General review
DOI:10.1108/07378831011096259 (Permanent URL)
Publisher:Emerald Group Publishing Limited
Abstract:
Purpose – In this increasingly digital world, archivists have had to reconsider early definitions and measures of authenticity in order to ensure their applicability to the process of preserving digital records. This paper sets out to explore the complexities involved in defining and preserving the authenticity of digital files.
Design/methodology/approach – The paper draws on literature from the field to present a comprehensive overview of traditional definitions of authenticity and highlight the shifting nature of those definitions in the digital age. The discussion begins with a look at traditional archival understandings of authenticity as they relate to physical objects. The paper goes on to examine these challenges and efforts and includes a look at the resource demands and technology tools currently used to evaluate digital authenticity. The paper conducted extensive research on the subject to compile source materials and draw conclusions.
Findings – This paper highlights the inherent challenge of establishing and maintaining pertinent criteria for authenticity when archivists are, for the most part, electing to reformat and effectively change digital records in order to ensure their long-term preservation.
Practical implications – This paper includes practical implications for redefining, measuring, and preserving the authenticity of digital records.
Social implications – This paper has social implications in that it asserts a need to question the well-established understanding of what it means to be authentic.
Originality/value – The paper brings together a range of information and presents a comprehensive yet succinct view of the issues involved in defining and preserving digital authenticity, not otherwise found in the literature serving the archive community.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Diálogos sobre ciência: Descartes e Hume (parte I)


Nariz extremamente grande, tipicamente nórdico, olhos intensamente pretos, sobrancelhas grossas e um bigode que lembrava o seu José, o dono da padaria aqui perto da minha casa. O seu companheiro de conversa se apresentava com uma roupa vermelha, não muito apropriada aos padrões da moda, cabelos brancos e encaracolados, os olhos nitidamente claros, reforçados pelo reflexo daquela tarde ensolarada de domingo em Brasília. Foi assim que sentei ao lado da mesa onde Descartes sentia-se de certa maneira embaraçado pelos questionamentos feitos por David Hume, enquanto os dois tomavam uns Chopps e debatiam a natureza das ciências e suas implicações, no Libanus, aqui da 206 sul. Atento ao diálogo, percebi o tom claro em que Descartes exemplificava o seu método racionalista.

- Hume é simples, não complica, cara! Para se obter as verdades segundo o meu método racionalista é preciso pensar que se balance a árvore. A minha dúvida sobre as certezas que antes eu tomava como verdadeiras faz com que eu balance a árvore, e tudo aquilo que vai ao chão é jogado de lado e tido como falso. Em resumo, o que fica na árvore se sustenta como claro e distinto e pode ser tomado como verdadeiro. Thomas Kuhn - por falar nisso onde está ele que não veio? - chamaria de "paradigma" a estrutura das frutas que se sustentam, segundo as crenças de uma comunidade científica específica.


 - Ok, ok. Mas o que sustento é que não existe conhecimento algum que possa ser demonstrativo, toda maneira de conhecimento é sempre provável e empírica. É preciso que eu realmente balance a árvore e não simplesmente pense como seria se eu a balançasse. Além disso, o que te faz ter a certeza de que o próximo Chopp que o garçom me traz esteja gelado? Provavelmente, o fato de ter vindo aqui várias vezes e tomado vários gelados faz com que, por hábito, tenha a segurança de que esse fato sempre ocorrerá. Logo, estando os objetos em circunstâncias já vivenciadas temos naturalmente a crença de que sempre ocorrerá as mesmas consequências, ou seja, o Chopp estará trincando. Mas nada exclui a possibilidade de que ele esteja quente e eu tenha que reclamar e pedir outro. E a isso nomeio "Conexão Necessária". Por isso afirmo que não há ciência, se por ciência entendermos conhecimento certo. Essa espécie de ciência pertence apenas às ciências demonstrativas, isto é, às matemáticas e à geometria. Por sinal, o Chopp está mesmo trincando. O hábito e a crença venceram mais uma vez. Vamos tomar mais um e depois continuamos a nossa conversa.

Fiquei ali de lado, observando o diálogo desses dois seres humanos que pareciam estar fora de contexto, numa outra época que não aquela, em pleno século XXI, assistindo a mais um jogo de futebol do campeonato brasileiro. Pelo jeito o Fluminense ia ser mesmo o campeão. O meu próximo passo não poderia ser outro, a conexão necessária, definida por Hume, mais uma vez se apresentava: "Garçom, uma cerveja e um copo, por favor!".

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Crônica de uma greve anunciada

Copiado de Pedrada Rubro-negra
O post anterior desse blog já havia prenunciado os tempos difíceis que virão pela frente para a UnB. Nessa semana as associações funcionais ligadas à instituição estão fazendo reuniões, assembleias etc. Em todas, a despeito de inúmeras e históricas divergências há ao menos um ponto em comum: indicativo de greve. 

O que me causou profundo assombramento nesta semana que se passou foi a quase que completa alienação de muitos de meus colegas, que sequer sabiam do ocorrido. É sempre bom lembrar que esse tipo de problema não atinge somente indivíduos de uma dada universidade, porém afeta diretamente as possibilidades futuras de quaisquer projetos nacionais ligados à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à formação universitária. É importante lembrar que a UnB insere-se no mesmo grupo das demais universidades federais e que as atuais ações do governo em relação a ela indicam a postura geral quanto uma política (ou falta de uma) nacional, reservando os indicativos positivos concentrados nas universidades estaduais de São Paulo.

Vejamos quais são os fatos de interesse geral que se podem extrair desse episódio:
  1. A questão salarial é vista como uma questão individual e não como uma política geral, conforme é indicado em parecer do TCU que "(...) [a URP aos servidores] deve ser considerada, necessariamente, uma vantagem individual". Como é uma questão individual, não há, até o momento, nenhuma outra manifestação de outros órgãos "competentes" relacionados às universidades, à ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Se, burocraticamente o TCU tem lá seus argumentos, caberia aos órgãos "competentes" providenciarem a rápida e necessária mudança nas normas burocráticas. É importante frisar que o que está em jogo não é o pagamento (ou não) de um ou outro adicional noturno, porém mais de 1/4 de todos os vencimentos da totalidade dos servidores de uma das maiores IES. A lógica indica que se algo abrange a totalidade não dá para ser individual. 
  2. A remuneração de pesquisadores de instituições nacionais responsáveis pela maioria da produção científica deste país é vista como um mero caso isolado, razão pela qual o estabelecimento de uma "sanção" da devolução de 1 ano de salário para cada 4 anos trabalhados está completamente desvinculada de todas as manifestações públicas dos órgãos "responsáveis" pela política de C, T & I do Brasil. Não há dúvida que com uma medida dessa não faltarão "novos" recursos para "aprimoramento" de tal política. CT&I são vistas de modo absolutamente dissociado das condições de trabalho dos verdadeiros responsáveis por sua execução: os cientistas.
    >Vide 4ª Conferência de CT&I (ver post aqui), palestra de planejamento para a Universidade em 2022 (ver nota da UnB aqui) etc.
Proposta de atividade visionária (ou "eu bem que avisei"): com o atendimento ao despacho do TCU dicutir qual será o futuro imediato da UnB e suas implicações a médio e longo prazo em uma política nacional de CT&I.

Proposta de atividade cidadã (ou "procurando agulha no palheiro"): localizar manifestações, particionamentos e atitudes de órgãos "competentes", e de pessoas públicas de tais órgãos em relação a essa situação: 
  • Presidência da República (atual e futura)
  • Ministério da Educação (incluindo CAPES)
  • Ministério da Ciência e Tecnologia (incluindo CNPq)
  • Senado Federal (incluindo professor-senador da UnB)
  • Câmara dos Deputados (incluindo futuro deputado federal recém formado pela UnB)
  • Câmara Distrital do Distrito Federal
  • Governo do Distrito Federal
  • Secretaria de Educação do Distrito Federal
  • Grande imprensa
  • e, por fim, a reitoria da UnB

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Como é difícil ser professor neste país... ou a nova greve que se avizinha... de novo.


Passadas as eleições o bombardeio à universidade pública continua e a velha questão da redução salarial da UnB continua e a magnífica liderança institucional se fantasia de Pilatos e lava as mãos. Estranhas coincidências: a vitória do governo nas urnas, novo problema no exame do ENEN (que foi elaborado adivinha por quem?), nova (ou melhor, velha) perspectiva de corte salarial às vésperas do fim do ano. Desta vez, já que antes das próximas eleições vai ter a Copa do Mundo, nós professores vamos ser responsabilizados individualmente por receber o que nos é de direito como se fôssemos criminosos de colarinho branco. 

Essa combinação de fatores não deixa dúvidas que o projeto de privatização da universidade pública de qualidade (através do sucateamento). A pergunta atual não é mais o que acontecerá,  porque o fim da UnB, como uma universidade de pesquisa e de excelência já está decretado. Nem é preciso que o último a sair apague a luz, porque em breve não haverá mais nenhuma luz; nem para ser apagada (obrigado CEB) e nem no final do túnel. A pergunta deveria ser A QUEM INTERESSA ISSO? Certamente que não é ao Brasil e nem a nenhum projeto nacional decente.

Esse ano fui contemplado com uma bolsa de produtividade, ajudei a reerguer a nota de meu programa de pós-graduação na CAPES (retornamos ao 5), publiquei, orientei, apresentei trabalhos no exterior, coordenei simpósio internacional no exterior, fui patrono de turma de graduados, tive um blog indicado para concorrer a um prêmio internacional (cuja divulgação foi glosada pela setor de comunicações daqui...) etc. Tudo isso para ter que ser notificado que meu salário de dezembro (com 13º) poderá ser cassado e que deverei apresentar justificativa pelo recebimento do mesmo (como se eu fora culpado) e posteriormente ressarci-los ao erário público?! Como uma vez bem disse um presidente francês, o Brasil não é um país sério.

A situação de indefinição, de assédio moral ao profissional que nunca terá a certeza de quanto vai ganhar (se é que vai ganhar, se é que não vai dever por ter trabalhado) já dura mais de um ano:
Para que ainda não entendeu, a nota da ADUNB, de 3 horas atrás, é bastante cristalina quanto a quadro atual ao mostrar a magnífica interpretação jurídica de que um despacho do TCU está acima de 3 mandados do STF.

ADUnB Informa
 Encontro com a Reitoria sobre notificação aos servidores
 A Diretoria da ADUnB, juntamente com o SINTFUB, APOSFUB e suas respectivas assessorias jurídicas estiveram na tarde da última sexta-feira, 12, em audiência com o Senhor Reitor, José Geraldo de Souza Júnior, para tratar da diligência suscitada pelo TCU na TC N. 011.205/2009-0, cujo despacho do Senhor Ministro Augusto Nardes, solicita que a UnB notifique todos os servidores ativos, inativos e pensionistas para formular defesa individual de porque estão recebendo a URP (26,05%) nos contracheques. A ADUnB estima que são sete mil pessoas envolvidas.
As entidades formularam os seguintes “considerandos” ao Senhor Reitor no sentido de que a Reitoria ponderasse junto Ministro Relator do TCU pela inoportunidade da questão suscitada ou ainda que este pedido aguardasse o julgamento do mérito no STF:
- Considerando que o tema suscitado pelo TCU é objeto de três ações de Mandado de Segurança junto ao Supremo Tribula Federal - STF, todas estas com liminares deferidas nos respectivos processos assegurando pagamento da URP/1989 nas mesmas condições em que vinham sendo feitas, cujos Acórdãos do Plenário do TCU estão suspensos;
- Considerando-se que a questão (URP/1989) será definida de acordo com o que vier a ser decidido pelo STF;
- Considerando como é público que a UnB nesta oportunidade está repondo o semestre letivo prejudicado em razão de uma sofrível greve para seus servidores e alunos e que a reabertura desta questão nesta oportunidade poderá vir a incitar uma nova crise institucional que a ninguém interessa no âmbito da UnB;
Na audiência o Senhor Reitor refutou os “considerandos” das entidades, informando que este pedido do TCU houvera sido solicitado no ano passado, mais precisamente em 14/12/2009, e que o Ministro Relator concedeu um “improrrogável prazo” de 30 dias para que a UnB notifique os servidores sob pena de multa. Este prazo vence na próxima semana. Informou ainda que os motivos suscitados pelas entidades que são autoras das ações na Justiça, não são consistentes para se reportar ao TCU.
As entidades presentes ponderaram outras preocupações como a de que o TCU quer com a notificação, a pretexto do que disciplina a Súmula Vinculante N. 3, estabelecer o “contraditório e a ampla defesa”, determinar um novo marco nos processos em curso, pois a partir da notificação, os beneficiários da Liminar concedida pela Ministra Carmen Lúcia no Mandado de Segurança N. 26.156, de 7/10/2009 (processo dos professores), estariam cientes de que poderiam deixar de receber de “boa fé” o valor da URP. Isso quer dizer que caso o mérito da questão seja negado no STF, pode o TCU solicitar o ressarcimento dos valores a partir da ciência dada na defesa individual a partir da notificação.
Foi solicitado ainda na audiência ao Senhor Reitor, que reivindicasse um novo prazo para o cumprimento da medida, ou que se aguardasse o mérito da questão, pois a distribuição de sete mil cartas, respeitado o rigor que essa notificação deve alcançar é tarefa complexa. As entidades fizeram então os seguintes questionamentos: e como será emitida, de que forma, para qual endereço, como será colhida a firma da notificação, quem irá receber as defesas individuais, de que forma serão encaminhadas ao TCU. Tais assertivas apenas mereceram a consideração por parte da Reitoria de que, quem distribui contracheque; pode fazer o mesmo com a notificação. Entretanto, nenhuma informação de como será feito o encaminhamento foi prestada.
As entidades decidiram após o encontro tentar audiência com o Ministro Augusto Nardes do TCU, para esclarecer essa medida, uma vez que o pagamento da URP está amparado por decisão judicial e a TC N. 011.205/2009-0, ocorreu após a liminar do STF, que em tese afastaria essa iniciativa.
Particularmente, ao que compete a Diretoria da ADUnB será convocada uma Assembléia Geral nas próximas horas para esclarecer a categoria dos professores sobre mais essa ameaça do Tribunal de Contas e organizar a categoria para os próximos embates. No nosso entendimento a partir da Liminar do STF as medidas propostas pelo TCU, que em Sessão Plenária de 02/09/2009, mandou retirar a URP dos contracheques de todos os servidores, está suspensa e com ela todos os atos daí decorrentes. A Liminar foi concedida pela Ministra Carmen Lúcia um mês depois, em 7/10/2009, a partir do Mandado de Segurança 26.156 proposto pela ADUnB. No entanto, não é esse o entendimento do TCU e tampouco da Reitoria, que resigna-se cumprir uma medida sabedora das conseqüências que daí advirão.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

UNESCO lançou ontem relatório mundial sobre ciência


Ontem a UNESCO publicizou seu relatório quinquenal relativo ao desenvolvimento mundial da ciência. De acordo com a apresentação da obra, o relatório busca espelhar o desenvolvimento da ciência nos cinco anos recentes, apesar de trabalhar com dados macroeconômicos de 2007. A pesquisa trabalha com segmentação de dados em quatro perspectivas: nível de desenvolvimento, continentes/regiões, comunidades econômicas e países selecionados. Nessa última segmentação é possível analisar comparativamente o Brasil em relação a outros países (emergentes e desenvolvidos). 

Os organizadores indicam que o avanço da informação digital e das TICs está alterando o desenvolvimento da ciência e, em minha opinião, aumentando o fosso informacional e as correspondentes desigualdades entre países e regiões. Uma frase emblemática na apresentação denota a crescente importância do acesso à informação: "A acessibilidade à informação codificada em torno do mundo está tendo um efeito radical na criação, acumulação e disseminação de conhecimento (...)" (UNESCO 2010, p.2). Ou seja, países e regiões se desenvolvem mais (ou menos) não apenas em função da qualidade e quantidade de sua produção científica, mas também (ou principalmente) pela capacidade de armazenar, compartilhar, difundir e acessar informação científica significativa. Guardadas as devidas (e imensas) proporções, espera-se que a prática da manutenção de um diário aberto de pesquisa (na forma de blog, por exemplo, com links, informações, documentos, conclusões parciais, artigos etc.) induza os jovens pesquisadores a trabalharem na redução do fosso informacional, contribuindo para a diminuição das disparidades científicas regionais.

Clique aqui para fazer o download do relatório em português, ou acesse aqui a página de referência da UNESCO relativa à obra, com resumo e outras opções de formato do relatório (impresso e em outros idiomas).

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Seminário Metadados e Representação do Conhecimento


O Departamento de Ciências da Informação da UFC e o Imparh, da Prefeitura Municipal de Fortaleza, realizam o "Seminário - Metadados, Representação do Conhecimento e a Recuperação de Dados".

O evento ocorre de 28 a 30 de novembro, no Auditório Rachel de Queiroz – Área 2 do Centro de Humanidades. O objetivo é reunir especialistas, estudantes e profissionais e propiciar uma oportunidade de estudo de conceitos e tendências da área. 

O seminário terá 3 eixos:
  • a representação do conhecimento; 
  • tecnologias aplicadas na preservação do conhecimento e 
  • os novos desafios referentes ao uso e à transformação da sociedade em função da informação. 
Cada tema será abordado com palestras e debates, com pesquisadores e profissionais da área. 

A submissão de trabalhos está aberta.

Mais informações sobre inscrições e submissões no site do evento: https://sites.google.com/site/semerec.

Programação

28 Novembro

ABERTURA - 14h-16h

29 Novembro

SESSÃO DE ARTIGOS - 09h-12h


 PALESTRA 1 - 14h-16h
A HISTÓRIA DA REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO
Palestrantes Convidados
(Aguardando confirmação)
 PALESTRA 2 - 16h-18h
METADADOS, REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO E A RECUPERAÇÃO DE DADOS
Palestrantes Convidados(Aguardando confirmação)

 PALESTRA 3 - 18h-20h
CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO, NOVAS FRONTEIRAS, NOVAS TECNOLOGIAS
Palestrantes Convidados
(Aguardando confirmação)



30 Novembro
PALESTRA 4 - 14h-16h
LAN HOUSE: POLÍTICAS PÚBLICAS E INCLUSÃO DIGITAL

Palestrante Convidado
Luiz Fernando Moncau
Pesquisador/Lider de Projetos no Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas - RJ


 PALESTRA 5 -  16h-18h
A PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS E DA PRIVACIDADE NAS REDES SOCIAIS DA INTERNET - O MEMORANDO DE MONTEVIDEU
Palestrantes Convidados
Profa. Iris Tavares - Presidente do Instituto Municipal de Pesquisas, Administração e Recursos Humanos -  IMPARH (Fortaleza - CE)


Ricardo Alan Kardec Loiola
Coordenador do Programa de Modernização do IMPARH
Membro da Internet Society
 PALESTRA 6 - 18h-20h
PESQUISA SOBRE O USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO NO BRASIL

Palestrante Convidado
Prof. Dr. Alexandre Barbosa
Phd. em Administração pela FGV-SP e HEC de Montreal-CA
Gerente do Centro de Estutos Sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação  - CETIC.br  do COMITÊ GESTOR DE INTERNET BRASILEIRA- CGI.br)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Paulo Elian lança livro na UnB


Paulo Elian, cuja tese já foi trabalhada para discussão sobre metodologia de Ciência da Informação (ver aqui). Estará lançando livro na Faculdade de Ciência da Informação nesta 2nda feira, dia 8/11, durante a semana de Arquivologia (ver programação aqui). 

Para maiores informações sobre a obra clique aqui.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

E-governo e transparência pública


O projeto Garage Lab promoveu uma "hackatona" sobre transparência de dados públicos e governo aberto. Alguns dos resultados estão disponíveis na web em: http://garagelab.tumblr.com/tagged/Hackathon. A temática, que já tem um importante espaço na área do Direito Público, vem ganhando cada vez mais espaço entre os profissionais da informação. A Universidad San Andrés, na Argentina, promove, no dia 5 de novembro, um fórum sobre governo eletrônico que discutirá os resultados da "hackatona". Para mais informações sobre o evento clique aqui e siga os links.

sábado, 30 de outubro de 2010

Começou ontem o segundo Congreso Ciencias, Tecnologías y Culturas


Teve início ontem, em Santiago de Chile, o segundo Congreso Congreso Ciencias, Tecnologías y Culturas: diálogo entre las disciplinas del conocimiento - mirando al futuro de América Latina y el Caribe, que busca abranger os temas mais relevantes (e diversos) ligados ao tema (acesse aqui a página do congresso). O congresso faz parte do movimento Intenacional do  Conhecimento. Os objetivos gerais estão assim definidos:
  1. Contribuir al diálogo e intercambio entre las diversas disciplinas.
  2. Fomentar la discusión sobre la tarea intelectual en una rezagada América Latina en el marco del Bicentenario.
  3. Generar un gran movimiento de coordinación que comprenda a personas e instituciones que producen y difunden el conocimiento para desarrollar las fuerzas productivas intelectuales.
O movimento Internacional del Conocimento propõe, entre outras coisas articular uma rede de profissionais do conhecimento e da informação, transcendendo partidos, nações, associações, disciplinas e instituições. Uma grande rede que, acima das crenças e ideologias, se compromete com a qualidade do conhecimento e honestidade intelectual, convicta que estas são as chaves para o bem estar da humanidade, particularmente para a América Latina e o Caribe (acesse aqui o portal do movimento). Tais ideais estão expressos em um manifesto que pontua 10 itens básicos para que a proposta possa ser viável. Acesse aqui a página do compromisso intelectual 2010 e faça sua adesão virtual à livre divulgação e produção do conhecimento.

O congresso está dividido em 60 simpósios, que representam mais de 2500 comunicações, oriundas de mais de 400 universidades, centros de pesquisa, instituições de educação etc. Um desses simpósios, o nº 56, dedica-se ao tema do acesso à informação. Acesse aqui post sobre tal simpósio.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Algumas referências para elaboração de monografia

(coordenadora do curso de arquivologia da UnB)

Para compor o corpo da monografia, pode-se usar a estrutura do próprio projeto de pesquisa como uma referência inicial. Os elementos abaixo são apenas um exemplo, que pode ser adaptado segundo as necessidades do trabalho e as exigências e recomendações do curso ou do(a) orientador(a): 
  • INTRODUÇÃO: onde são apresentados, de maneira breve, a delimitação do tema, o(s) problema(s) de que trata o trabalho e o objetivo (geral) que se deseja atingir; pode trazer, ainda, uma indicação bem resumida (no máximo um parágrafo) do conteúdo que será encontrado nos outros capítulos do trabalho 
  • OBJETIVOS: exposição direta do objetivo geral e dos objetivos específicos 
  • JUSTIFICATIVA: onde é feita a argumentação acerca da importância do tema em geral e do aspecto específico escolhido para a pesquisa; aqui podem ser melhor explicados, se necessário, a delimitação do tema e o(s) problema(s) abordados 
  • REVISÃO DE LITERATURA: onde deve-se indicar o estágio atual das discussões sobre o tema e o problema na bibliografia disponível na área 
  • METODOLOGIA: onde são apresentados as análises do autor acerca do referencial teórico e a metodologia escolhida; as técnicas de coleta de dados, os instrumentos de análise, os materiais e equipamentos utilizados (se for o caso) etc. 
  • RESULTADOS: onde são apresentados os resultados da pesquisa, como os dados coletados, produtos realizados (por exemplo, criação de ferramentas ou instrumentos, manuais etc.) 
  • DISCUSSÃO: onde são comentados os resultados da pesquisa (pode ser incluída na conclusão) 
  • CONCLUSÃO(ÕES): onde são indicadas, de modo sintético, as descobertas do autor a partir dos dados apresentados anteriormente. 
Normas úteis para a elaboração da monografia (como são normas pagas, sem domínio público, elas não podem ser aqui disponibilizadas, mas com um pouco de paciência e Google consegue-se encontrá-las em vários locais virtuais).
  • ABNT NBR 14724:2005 - Informação e documentação — Trabalhos acadêmicos — Apresentação; 
  • ABNT NBR 10520:2002 - Informação e documentação - Apresentação de citações em documentos;
  • ABNT NBR 6023:2002 - Informação e documentação - Referências - Elaboração;
  • ABNT NBR 6027:2003 - Informação e documentação - Sumário – Apresentação;
  • ABNT NBR 6028:2003 - Informação e documentação - Resumo – Apresentação;
    ATENÇÃO: não faça o resumo em inglês com uso de tradutor automático, se necessário contrate alguém para fazer e/ou revisar a tradução;
  • ABNT NBR 6024:2003 - Informação e documentação - Numeração progressiva das seções de um documento escrito – Apresentação;
  • IBGE. Normas de apresentação tabular. 3ª ed. Rio de Janeiro, 1993. 
  • Obs.: cuidado com a revisão geral do trabalho; se necessário, contrate uma revisão profissional.

No caso da monografia encadernada em capa dura, ver também:
  • ABNT NBR 12225:2004 - Informação e documentação – Lombada – Apresentação. 
  • Obs.: para a elaboração da ficha catalográfica, recomendo solicitar a tarfea a um(a) bibliotecário(a).

Posteriormente, para transformar a monografia em artigo, consultar:
  • ABNT NBR 6022:2003 - Informação e documentação - Artigo em publicação periódica científica impressa - Apresentação.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dicas sobre preparação de apresentação em slides


As dicas abaixo, elaboradas pela Profa. Dra. Darcilene Sena Rezende, além de úteis, são muito importantes para evitar a situação representada acima:

1 – comece pelo fim: as conclusões que vc quer passar são a parte mais importante, por isso, prepare primeiro e com cuidado o(s) slide(s) final(is);

2 – use pouco texto, só informações fundamentais (tente sintetizar as idéias em forma de esquemas ou tópicos); texto demais não será lido, deixa a apresentação longa, aborrecida e às vezes mais confusa;

3 – procure colocar apenas uma idéia ou gráfico por slide; se necessário, divida as informações em vários slides;

4 – use de preferência fontes sem serifa (ex.: calibri, arial, tahoma) para melhorar a legibilidade e use destaque ou outra fonte para os títulos;

5 – evite usar fontes menores que 24 ou 28 pontos;

6 – não leia o que está escrito nos slides; eles devem ser um complemento;

7 – tente verificar o tempo que o público levará para compreender o conteúdo de cada slide (deve ser muito rápido, apenas alguns segundos);

8 – verifique o tempo que vc leva para apresentar cada slide, a fim de não ultrapassar seu limite de tempo.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Cuidado com a pontuação


A redação científica deve ser sempre pautada em dois aspectos: precisão e clareza. A brincadeira a seguir, fartamente reproduzida em páginas na Internet, bem mostra o quão importante é a pontuação para tais requisitos.
Um homem rico estava muito mal, agonizando. Pediu papel e caneta, e escreveu assim: “Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.” Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava a fortuna? Eram quatro concorrentes:
O sobrinho fez a seguinte pontuação: "Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres."
A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito: "Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres."
O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele: "Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres."
Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação: "Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres."
Outro exemplo bastante vulgarizado na Internet é a seguinte frase: "Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro a sua procura." A brincadeira é colocar uma vírgula na frase. As feministas dizem que os machistas fariam a pausa antes do artigo "a" ao invés de fazê-la após o substantivo "mulher". Será que é necessário fazer uma pesquisa de opinião (qualitativa, exploratória, com questionários estruturados etc.) Para verificar a validade de tal hipótese ou poderíamos elevá-la, de antemão, à categoria de pressuposto?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Educação escolar no DF ou como andam (mal das pernas) as bases da universidade do futuro



André Porto Ancona Lopez*

Na noite de sexta feira fui surpreendido com uma correspondência eletrônica do colégio de meu filho de 13 anos que apenas comunicava que, para dar mais espaço ao ensino universitário, o colégio cessaria suas atividades no final deste ano. A nota buscava justificar o injustificável buscando a autoridade de, pasmem, Paulo Freire e convocava para uma reunião explicativa no "dia 29/09, 5ªf" (sic). Basta olhar o calendário para ver que dia 29 é 4ªf. Será que ao longo dos 33 anos de experiência da instituição além do respeito ético com os pais e os educandos ela perdeu também a noção do tempo? 

Fechar (sem eufemismos hipócritas como "suspensão de atividades") o estabelecimento de ensino médio e fundamental em nome de ampliar o lucro do ensino universitário não tem nenhuma relação com Paulo Freire, apenas com Tio Patinhas. Por acreditar e confiar na proposta daquela instituição e por acreditar que ela era diferenciada das demais, com todos os onus advindos do processo, minha esposa e eu mudamos nosso filho de escola no começo de 2010. O motivo principal foi a escola anterior dele estar ampliando a infraestrutura do ensino superior e relegando o ensino médio e fundamental, o que nos desagradou a ponto de buscamos outra. Seria engraçado, se não fosse trágico, poder reproduzir o excelente discurso feito pelo novo colégio a respeito das diferenças entre projeto educacional e projeto empresarial! O que dizer sobre a formação integral pensada em educação e em valores. Confesso que fui ingênuo em acreditar que os valores aos quais aquela nova escola se referia não eram valores monetários. 

Onde está a ética ao comunicar por e-mail, em uma noite de sexta feira que nosso filho, mais uma vez, pelo segundo ano consecutivo, irá mudar de escola, e refazer todo o processo de inclusão, socialização e adaptação em um ambiente no qual os colegas já terão os laços de amizade consolidados? Qual será o impacto disso para o desenvolvimento dele? Será que isso importa à mantenedora (mais um eufemismo), tão hábil em recortar e colar Paulo Freire, posto que o impacto com o qual ela se preocupa é o financeiro. Cadê o compromisso educacional com a formação deste jovem que foi confiado (mediante pagamento) ao colégio? Pelo visto os valores monetários dados para tal relação se estabelecesse eram insuficientes para que o colégio fosse recíproco em relação à confiança que lhe fora depositada. O depósito que interessa ao colégio não é bem a confiança. 

A "reestruturação do campus universitário" indicada na carta é apenas mais um eufemismo para dizer que o espaço que hoje é ocupado pelo colégio será destinado à universidade. Exemplos como o do adulto maior tomando o doce da criança, do maior expulsando o menor, indicam os valores reais que regem as atitudes desta instituição e seu compromisso moral. A dúvida que fica em tal eufemismo é saber se as atuais salas de aula das crianças irão apenas ser ocupadas pelos estudantes adultos ou se um novo prédio será construído no local. Para essa última possibilidade talvez fosse o caso de o colégio pensar em construir uma caixa forte, assim Tio Patinhas não teria, nunca mais, que passar a vergonha de expulsar crianças não tão rentáveis de seus domínios. Talvez fosse até o caso de repensar a campanha publicitária da instituição com um novo slogan: "NÓS: FAZEMOS TUDO POR DINHEIRO", afinal as atitudes atuais não convergem com a "Visão" apregoada pelo colégio em seu site, ideal para dar uma pitada de ironia ao achincalhamento moral da instituição:
"O Colégio (...) busca formar uma sociedade mais justa, humana, fraterna e democrática, com seres humanos críticos, politizados, com ampla visão de mundo, capazes de superar os preconceitos sociais e usufruir de seus direitos e deveres.”
Claro, o colégio, Papai Noel e o Coelho da Páscoa...

O mais triste é que o colégio estava, de fato, fazendo um excelente trabalho e foi atropelado pelos interesses nada educacionais dos "empresários da educação", que apenas reflete a tendência atual da falta de rumos quanto ao pilar mais estruturante da sociedade A opção por fortalecer o ensino universitário, em detrimento de investir na qualidade do ensino médio e fundamental, além de ser lucrativa, dificulta a elevação do nível da universidade, porque cada vez mais nossos alunos chegam menos preparados -- e isso faz o negócio ser mais lucrativo ainda -- por quatro fatores: a) aumento de demanda, posto que o ensino médio é insuficiente para realizar formação técnica-profissional; b) barateamento do custeio, posto que alunos menos preparados não terão parâmetros para analisar o que lhes está sendo oferecido (e acharão que o guia Abril reflete parâmetros oficiais avaliação); c) redução de riscos com maior garantia de preenchimento de vagas, posto que o governo através de programas como o PRO-UNI reduz a inadinplência dos alunos; d) melhor relação custo-benefício por aluno, posto que as classes podem ser maiores, com necessidades de contratação de pessoal bem inferiores às exigidas na educação de menores de idade (auxiliares, psicológos, pessoal de apoio etc.).

Hoje, em Brasília, a maior rentabilidade do atendimento aos adultos em relação às crianças está levando o setor de pediatria à beira do colapso de atendimento. Depois da saúde parece que o processo começa a se repetir com a educação, com total omissão do estado. Não é por acaso que na mesma semana em que o GDF anuncia o fechamento de uma escola classe na Asa Norte inicia-se o processo de divulgação do projeto de uma universidade do GDF. Ao invés de se investir em educação básica de qualidade opta-se por investir no ensino de 3º grau sem considerar qual será o nível de formação inicial dos futuros universitários. Ao invés de ajudar a reduzir o processo de sucateamento da UnB como universidade pública de excelência, busca-se criar mais uma. No caso público, com um investimento menor têm-se mais Ibope; no caso particular com um investimento menor têm-se mais lucro.

Enquanto tudo isso acontece, a sociedade se cala, os economistas comemoram o sucesso da Bovespa e o Tiririca começa a escolher a mansão onde irá morar em Brasília. Será que eles pensam no sistema educacional no qual seus filhos, netos e bisnetos estudarão? O dinheiro , tanto das cuecas, como de nosso trabalho honesto e suado, não é mais capaz de comprar um atendimento particular pediátrico de qualidade por que o produto está em falta. O dinheiro não é mais capaz de comprar uma educação básica particular de qualidade porque o produto está ficando escasso. As consideradas boas escolas que ainda o oferecem, dada a demanda, o fazem de modo cada vez mais massificado e/ou -- como o recente caso de outra escola tradicional que não permitiu (de modo vexatório) que um aluno com botas ortopédicas participasse de um excursão porque elas não eram impecavelmente pretas -- confundem educação com treinamento disciplinar. Como diz a célebre frase dos índios norte-americanos, inúmeras vezes reproduzida por diversas entidades: "Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que o dinheiro não se come". 

André Porto Ancona Lopez é Prof. Dr. da Universidade de Brasília, integrante, como escotista, do maior movimento educacional (reconhecido pela UNESCO) do planeta e pai de um futuro ex-aluno (forçado) do Colégio CEUB.

Eis aqui a íntegra da esclarecedora correspondência da "mantenedora":

>Em 24 de setembro de 2010 20:11, Mantenedora do Colégio CEUB <colegioceub@educacional.com.br> escreveu:

Brasília, 24 de setembro de 2010.

Assunto: Suspensão das atividades do Colégio CEUB para o ano de 2011.


Sr. Pai ou Responsável,

            O Colégio CEUB, em seus 33 anos de existência, tornou-se uma instituição reconhecida por trabalhar com a educação em várias dimensões que promove aos seus alunos reflexões constantes da realidade circundante e o entendimento de sua importância na formação de uma sociedade mais justa, fraterna e democrática, onde a sua missão é, também, ser feliz.
            Conforme Paulo Freire, na medida em que o homem cria, recria e decide, as épocas históricas vão se formando. Diante desse processo, mudanças tornam-se inevitáveis e, quase sempre, decorrentes de tomadas de decisões difíceis.
            Ciente do cumprimento do papel do Colégio CEUB na formação dos jovens durante todos estes anos, o Centro de Ensino Unificado de Brasília – CEUB, mantenedora do colégio, visando à reestruturação do campus universitário e à expansão do ensino superior com a implantação de novos cursos, resolveu suspender por 2(dois) anos as atividades de sua instituição mantida, a partir de 2011. Ao mesmo tempo, manifesta com orgulho, a sua gratidão ao  seu corpo administrativo e  docente que, com grande dedicação  ao longo desses anos, se empenhou em fazer cumprir a nossa missão.
            Agradecemos aos senhores a confiança que nos foi concedida e contamos com a compreensão de todos nesta difícil decisão. Assumimos o compromisso de proporcionar  meios que possam minimizar as conseqüências desta ação que se faz necessária no presente momento.
           Aproveitamos a oportunidade para convidá-los para reunião que ocorrerá no dia 29/09(quinta-feira), no auditório do bloco 1, nos seguintes horários:

- Ensino fundamental, às 17h30
- Ensino médio, às 19h30

Atenciosamente,

Getúlio Américo Moreira Lopes                     Lucia Maria Moreira Lopes de Oliveira
 Diretor presidente do CEUB                                     Diretora do Colégio CEUB

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

VI Encontro Internacional de Informação, Conhecimento e Ação



O VI Encontro Internacional de Informação, Conhecimento e Ação (acesse aqui a página do evento) de natureza filosófico-interdisciplinar, ocorrerá na Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP (Campus de Marília), no período de 29 de setembro a 02 de outubro de 2010 e tratará de temas ligados à natureza ontológica e epistemológica da informação, bem como de sua estreita relação com o conhecimento e ação, tendo como tema geral o problema da relação entre informação, conhecimento e ética.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Pesquisa sobre valores políticos - PARTICIPE



Peter Ulrich Vieth Black, mestrando do Programa de Pós Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, da UnB, solicita participação dos leitores deste blog em sua pesquisa. Assim como eu, Peter é contra o exercício da "cobaiização" dos depoentes na pesquisa social. E, como bem defende Tomanik, ele também é absolutamente favorável a manter seus depoentes informados sobre a pesquisa, com o devido cuidados de não comprometer a integridade dos dados a serem obtidos:
"Você está sendo convidado(a) a participar de uma pesquisa sobre valores políticos. As questões apresentadas nas próximas páginas indagam suas idéias e opiniões a respeito de alguns assuntos importantes e da forma que a nossa sociedade funciona. Também lhe é perguntado o que é importante para você e o quão similar ou diferente você é de outras pessoas. Essa pesquisa está sendo coordenada pelo Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (Brasília – DF). Você irá demorar entre 10 e 15 minutos para responder a todas as questões. Nós agradecemos a sua colaboração e por nos ajudar a compreender como o brasileiro escolhe em quem votar. Quaisquer dúvidas ou comentários, por favor, escreva para o pesquisador principal [peter.uvb@gmail.com]
[...]
Muito obrigado por sua participação
Para colaborar acesse o link da pesquisa clicando AQUI

Leia mais sobre a opinião deste blog em relação a necessidade de informar o depoente sobre a pesquisa acessando post aqui.

Um bom exemplo para situar o depoente nos objetivos da pesquisa, foi feito por ex-aluna desta disciplina, que disponibilizou o acesso ao seu blog, onde pode-se encontrar diversar informações. Ver post aqui,

Além do convite, Peter disponibiliza aos interessados a ficha técnica de sua pesquisa:

VALORES HUMANOS FUNDAMENTAIS, VALORES POLÍTICOS CENTRAIS E VOTO.
Peter Ulrich Vieth Black, peter.uvb@gmail.com.br
Mestrando (2/2009)
Orientador: Claudio Vaz Torres, claudio.v.torres@gmail.com
Laboratório de Psicologia Social
Linha de Pesquisa: Conteúdos e processos psicossociais do comportamento humano

O comportamento eleitoral é um dos comportamentos individuais mais complexos e sua análise tem sido objeto de discussão desde a criação da democracia. Nas últimas décadas a literatura tem privilegiado a idéia de que o voto, em seu nível individual, é determinado por três fatores: predisposições políticas, interesses pessoais e valores individuais. Esta pesquisa, que utiliza como referencial teórico a Teoria de Valores Humanos Individuais de Schwartz (1994), tem como objetivo analisar como um destes elementos, os valores individuais, influenciam no comportamento eleitoral. Para isso, pretendeu-se identificar a relação entre os valores humanos fundamentais e o que chamamos de valores políticos centrais, identificando a sua influência no comportamento eleitoral dos indivíduos. Para tal, uma medida de valores políticos centrais foi adaptada e validada no Brasil. Essa validação foi feita como primeira etapa desta pesquisa, contando com 998 participantes, sendo 56 % mulheres, média de idade de 26,52 anos (D.P.=12,54), 43% casados e 74% responderam por meio de questionário eletrônico. Como resultado desta etapa obteve-se 8 fatores explicando 48,48% da variância e com dois itens da escala sendo retirados. Assim, três proposições foram formuladas para a segunda etapa: a primeira é que os valores humanos organizam e dão coerência aos valores políticos centrais; a segunda é que os valores políticos centrais mediam a relação entre valores humanos e voto; a terceira é que diferentes estruturas de valores predizem a intenção de voto em diferentes candidatos que concorrem ao cargo de Presidente da Republica Federativa do Brasil na eleição de 2010. O instrumento a ser utilizado constará de quatro partes: a primeira é composta do Questionário de Valores Humanos de Schwartz; a segunda, de questionário de Valores Políticos Centrais; a terceira, de questionário com itens sócio-demográficos e uma medida de posicionamento político e voto. A coleta será realizada entre os dias 10 de setembro de 2010 e 03 de outubro de 2010, dia em que ocorre a eleição presidencial brasileira. A meta é coletar 450 respostas sendo dois terços por meio de questionário eletrônico e um terço por meio de instrumento impresso a ser aplicado no posto de atendimento ao cidadão, Na Hora, localizado na Rodoviária do Plano Piloto, Brasilia. Será realizada ainda uma terceira etapa após a eleição, quando, por meio de e-mail, fornecido na segunda etapa, será investigado em qual candidato a presidente o participante efetivamente votou. Acredita-se que esse dado poderá ser utilizado como critério de confirmação da predição proposta. Para a análise dos dados serão utilizadas regressões hierárquicas, uma vez que já se tem um modelo teórico da relação entre valores básicos, valores políticos e voto. Espera-se que com este estudo se compreenda melhor como e até que ponto os valores influenciam no comportamento eleitoral.