Ambiente virtual de debate metodológico em Ciência da Informação, pesquisa científica e produção social de conhecimento

quinta-feira, 24 de março de 2011

Início da turma 1/2011

copiado do blog "The secret Sun"

Hoje, após alguma indefinição quanto aos alunos especiais a serem aceitos na turma, a disciplina de Metodologia, destinada aos alunos regulares do mestrado em Ciência da Informação da UnB, enfim recomeçou, com uma nova turma. O programa atual está compartilhado com a Profa. Sofia Galvão Baptista, que se encarregará de ajudar ao alunos na consolidação dos projetos iniciais de pesquisa. Em um segundo momento, eu me encarregarei de estimular um processo de análise e discussão conceitual, com vistas à reflexão analítica dos alunos sobre os limites de seus projetos.

Como "aperitivo" desta discussão hoje assistimos ao primeiro episódio do seriado "Arquivo X" para estimular a discussão sobre o enfoque científico e a necessidade de provas para a compreensão de um fato (Dana Scully) em contraposição à uma pré-definição anterior ao fato, direcionadora (e seletiva) da interpretação dos elementos investigados para a sua comprovação (Fox Mulder). O vídeo (episódio piloto, da primeira temporada) leva pouco de menos de 50 minutos. Aqueles que não possuem acesso a ele e quiser rever o exercício podem exercitar o inglês em um versão com som original e legendas em vietnamita que encontrei na web. Para não infringir direitos de divulgação, este blog limita-se a incorporar o link apenas: http://www.viddler.com/explore/kso1/videos/12/

O curso tem o seguinte cronograma preliminar:

Data
nª da aula
Tópico
Responsável
24-mar
1
Abertura
André e Sofia
31-mar
2
1. A Ciência e o conhecimento científico:
Sofia
7-abr
3
2. O Método científico
    a) Conceitos gerais sobre: variável independente/dependente.
14-abr
4
    b) Tipos de pesquisa:
        · experimental
21-abr
FERIADO

28-abr
5
        ·  quantitativo-descritiva;
5-mai
6
        ·  exploratória
12-mai
7
        ·  qualitativa
19-mai
8
Painel geral
André e Sofia
26-mai
9
3. Implicações do "fazer ciência":
André
    a) o que é Ciência?
2-jun
10
    b) diferenças entre problema, método e teoria;
9-jun
11
    c) bases empíricas e conceituais
16-jun
12
    d) o papel social da pesquisa científica;
23-jun
FERIADO

30-jun
13
    e) formas de divulgação científica
7-jul
14
    f) pesquisa em Ciência da Informação como conhecimento e como ação
14-jul
15
Painel geral
André e Sofia


Para a minha parte será usado, como livro-texto, o "Olhar no Espelho" de Eduardo Tomanik. Afim de evitar o exercício de cópias desautorizadas será feito um pedido à editora, que poderá, se houver interesse , ser ampliado para outros interessados daqui de Brasília. Como há a necessidade de fechar lista de interessados, arrecadar $$$, fazer o pedido, aguardar o frete e redistribuir os exemplares a tempo de ler os primeiros capítulos para o dia 26 de maio, é necessário que a manifestação de interesse e confirmação seja feita com brevidade . Favor indicar no campo comment e-mail para contato caso deseje pegar carona no frete da turma. Atenção: os alunos regulares NÂO DEVEM preencher esse campo. Devem entrar direto em contato comigo, por e-mail, conforme foi indicado em sala.

terça-feira, 22 de março de 2011

Trocando os pés pelas mãos - o fim do PROF


Conforme já anunciado antes por esse blog, em primeira mão (ver aqui), a informação de que a CAPES extinguirá o programa que sustenta a pós-graduação na UnB, o PROF, está confirmada. Na tarde de hoje, por convocação do Decanato de Pesquisa e Pós-graduação, estiveram reunidos os coordenadores dos quase 60 programas de pós-graduação da UnB, para começar a pensar em novas estratégias de sobrevivência para a pesquisa e formação em ciência e inovação em uma das mais importantes instituição federal de ensino superior. Pela extinção do PROF, o corte ao custeio de pesquisa será da ordem de 40%, mesmo para aqueles programas que nos últimos 3 anos tiveram uma avaliação de excelência e passaram a integrar o restrito grupo da nota 5. Os programas mais seletos ainda, nota 6 e 7, têm uma linha de financiamento específica. Tampouco houve incremento nas quantidades de bolsas, apesar do crescimento da pós-graduação no Brasil e apesar do exitoso "pibão". 

O impacto geral dos recentes cortes das contas públicas junto ao MEC foi da ordem de 10%, porém, no financiamento da pós-graduação a facada foi bem maior: 15%. Na UnB, algumas medidas drásticas já estão sendo tomadas, como, por exemplo, a não composição de bancas de mestrado com pesquisadores que requeiram gastos de deslocamento e diárias. Com isso a instituição vê-se obrigada a fechar-se para contatos  importantes e frutíferos intercâmbios de idéias e pesquisas com renomadas instituições, como, por exemplo, as universidades paulistas, no nível do mestrado. O esforço de alguns programas na consolidação de grupos de pesquisa (reconhecidos pelo CNPq) também dá um passo atrás, na medida que com possibilidades de intercâmbio mais restritas, a aceitação, a inclusão e, sobretudo, o trabalho colaborativo de pesquisadores de outras instituições em nossos grupos será, no mínimo, mais difícil. Em heróicos esforços de manutenção da qualidade, sei de  alguns desprendidos colegas que estão pagando do próprio bolso as despesas referentes a efetivação de arguidores externos. Sei de alunos que fizeram financiamento para poder participar, como expositores de trabalhos, em congressos internacionais, relevantes, levando o nome da UnB (e aumentando a produção de indicativos do CT&I do nosso amado governo). 

Paralelamente a esse movimento de interrupção da universidade, assistimos ao presidente Obama parabenizar ao Brasil pela Copa e pelas Olimpíadas de Verão (que deveremos!). No mesmo dia em que os coordenadores de programa foram obrigados a verem "cair a ficha" da extinção do PROF, a imprensa nacional, para arroubo de alguns auto-denominados "patriotas", noticiou que as bolsas da CAPES, criadas para sustentar a pesquisa em pós-graduação no Brasil, serão outorgadas a professores da educação básica (ver notícia aqui). Por essa mesma lógica, um pai de família que tivesse muitos filhos poderia comprar apenas roupa para um deles e ir fazendo rodízio. Assim, agora tiram-se as bolsas da universidade e passam-nas à educação básica... A matemágica tem ainda uma grande sacada embutida: o valor hoje da bolsa é insuficiente para viabilizar o papel científico previsto, porém bastante significativo para um professor da educação básica. Assim além de, pouco a pouco, ir calando os "chatos" da academia, caminha-se um pouco mais para a redução das desigualdades sociais sem, sequer ter que rever os valores das bolsas e sem mexer no salário da educação básica. Nem David Copperfield seria tão picareta.

Elocubrando a partir de algumas idéias do colega Flávio Sombra, que defende a tese de que o Brasil tem uma perna manca que atravanca o crescimento (ver aqui), fica a impressão de que, com as recentes medidas, o que nossos governantes ilustrados estão tentando fazer é fortalecer a perna manca à custa da amputação da perna boa. Será que não dava para fortalecer a perna manca à custa do aumento de 26,5% dos nossos representantes legislativos? Delfim falava em fazer crescer o bolo para depois dividir. O que vimos agora foi o sumiço do bolo e o sucateamento da capacidade de fazer mais bolos.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Citar e referenciar para não cometer plágio


O cartoon acima, amplamente reproduzido pela Internet, bem ilustra um problema comum: o Ctrl+C Ctrl+V; o popular recorta e cola. A prática apresenta dois problemas principais: um de direitos autorais, outro de direitos comerciais, ou de divulgação. Quem infringir o primeiro estará, certamente, infringindo o segundo, porém a recíproca não é verdadeira. Por exemplo, mesmo sem ter os direitos de divulgação da imagem acima, como são feitas todas as referências autorais, não se pode acusar este blog de violar os direitos de autor e, portanto, de cometer plágio. Em defesa do segundo ponto, pode-se alegar, que apenas está reproduzida uma imagem de divulgação (uma amostra disponibilizada pelo site) de baixa resolução, para usos não comerciais.

O ponto principal, afeto a este blog, é o cuidado que a redação científica deve ter com relação ao uso das idéias e formatos de exposição das mesmas feitas por outrem. A frase "To be or not to be, that is the question" foi formulada por Shakespeare. A reprodução de tal frase, mesmo que traduzida, sem referência ao seu autor, pode ser encarada como plágio, porque reproduz, sem indicar a autoria (portanto atribuindo-a implicitamente ao seu plagiador) a idéia e formato de exposição da mesma. Caso a frase fosse apresentada assim "A principal questão reside no dilema ser/não-ser" não haveria plágio de forma, porém a idéia continuaria a ser apropriada indevidamente por alguém que não foi o responsável por sua elaboração.

No Brasil, infelizmente, dada o sistemático condicionamento ao qual os jovens são submetidos na elaboração das mal-fadadas "pesquisas escolares", os estudantes universitários inciantes, em boa fé e inocência, tendem a achar que copiar é pesquisar e que copiar bastante é fazer trabalhos universitários pré-científicos. O recurso dos textos eletrônicos e do copy & paste, neste aspecto, só piora a situação. Muitas vezes é muito difícil definir o que é plágio e o que não é, em função de definições legais, muitas vezes relacionadas à obtenção de vantagens pecuniárias e à má-fé na realização da cópia. Muitos são os colegas docentes que se vêem em saias-justas quando se deparam com trabalhos copiados da Internet, de colegas docentes ou até mesmo de colegas discentes. A primeira atitude educativa geralmente é explicar e ensinar para aquele aluno que isso não se faz, que além das implicações éticas existem problemas legais mais sérios etc. etc. etc. Em outras situações, mesmo quando não mais é possível presumir a boa-fé do plagiador, a cultura acadêmica nacional dificulta a aplicação de sanções disciplinares (também educativas) mais severas. No final da escala há os plágiadores profissionais (não os semi-profissionais, que vendem trabalhos pela Internet) que se aproveitam de dados e informações alheias para alavancar carreiras intelectuais, conseguir patrocínios, verbas de pesquisa, patentes etc., como foi o exemplo da USP que veio à tona (um em um milhão) recentemente (ver post do CB aqui).

Na tentativa de começar a coibir a prática antes que ela possa atingir degraus mais elevados, o Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da UnB, em sua recente reormulação do regulamento (disponível aqui), tornou explícito que a realização de cópias de textos indevidamente referenciadas é passíveis de desligamento: "Artigo 20. Entende-se como uma infração disciplinar, passível de desligamento do programa, (...) o ato do aluno, comprovadamente, apresentar textos em cumprimento de exigências do programa e/ou disciplinas que contenham cópias de textos de  outrem sem o devido estabelecimento de autoria, feitas deliberadamente  com o intuito de apropriar-se do trabalho intelectual de outra pessoa.". Em outras realidades esse tipo de regulamentação é padrão, porém no Brasil não é usual.

Existem diferentes tipos de plágio, porém o pesquisador iniciante deve tomar sempre muito cuidado em referenciar suas fontes (preferencialmente citando-as em conformidade com as normas da ABNT - ver post sobre isso aqui). O artigo de Loveleena Rajeev, que além de trazer a ótima imagem da esquerda, publicado no portal Buzzle.com traz uma listagem resumida da diversidade de possibilidades (acesse o artigo aqui). Há ainda muito material disponível na Internet que pode orientar sobre o assunto, como por exemplo o site Plagiarism dot Org, que é bastante explicativo e didático. Outra referência interessante, e bem divertida, é um vídeo feito na Universidade de Bergen, na Noruega, que pode somar no processo educativo dos novos pesquisadores, quanto à referenciação correta da autoria de frases e idéias: