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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O papel social da pesquisa científica

Copiado de De Rerum Natura

O papel social da pesquisa científica

Caroline Lopes Durce &  Caroline Maria Beasley
(mestrandas do PPGCINF-UnB)

Tomanik e Milton Santos trazem em suas obras, a preocupação a respeito do uso das Ciências como meio de controle social. Para eles, as Ciências Sociais deve se colocar em oposição a essa corrente, e sim permitir que a sociedade conheça e perceba a realidade em que está inserida. 

Milton Santos, em seu trabalho “As humanidades, o Brasil, hoje: dez pontos para um debate”, diz que o grande desafio das Humanidades é discernir a verdadeira estrutura do Mundo. Para o autor, o “problema crucial é que a ciência, tributária da técnica e do mercado, cada vez mais se submete a princípios perversos de organização”, o que empobrece a pesquisa. 

Esse uso da ciência, abordado pelo autor, de maneira a servir ao Poder (Estado e Mercado) desvirtua o sentido de se fazer ciência, tornando às Humanidades “tributárias e não propriamente críticas”. Para o autor, as Ciências Humanas, nesse contexto permanecem em um segundo plano, já que não conseguem ter a dinâmica de resultados imediatos das Ciências Exatas. Ele defende que as Humanidades devem, mais do que nunca, fazer cumprir o seu papel, para terminar com a lógica de dominação por interesses econômicos. 

Tomanik, por sua vez, aponta que, enquanto as Ciências Sociais se mantiverem a sombra do modelo empírico proposto pelas Ciências Naturais, aquelas serão simplistas em seus objetivos e métodos. O autor afirma que a visão empirista de ciência; que prega sua objetividade, naturalidade e neutralidade; deve dar lugar a uma humanização da ciência, onde a não-neutralidade e os aspectos ideológicos são considerados possíveis. Essa humanização abre a possibilidade que os objetivos das ciências evoluam da descrição e controle para a compreensão e a transformação. Para ele, “o conhecimento científico só terá sentido se puder, de alguma maneira, ser reapropriado pela comunidade ou indivíduo a que se refere, e checado por eles, em suas práticas”. 

A nosso ver, os dois autores chamam a atenção para o papel das Ciências Sociais como contraponto no uso das Ciências para a dominação de um pensamento das classes dominantes. O cientista não pode adotar uma postura ingênua em suas opções de pesquisa. Ele deve compreender seu papel na transformação da sociedade, embora esse não seja seu fim imediato, tal como colocado por Tomanik: “Não se propõem mais [as Ciências Sociais] a conhecer para controlar, mas compreender para participar.” 

Referências:
  • SANTOS, Milton. As Humanidades, o Brasil, hoje: dez pontos para um debate. In: HUMANIDADES, pesquisa, universidade. São Paulo: Comissão de Pesquisa/FFLCH-USP, 1996. p.9-13. 
  • TOMANIK, Eduardo Augusto. O que é ciência? : a ciência no discurso dos cientistas. In: ______. O olhar no espelho: “conversas” sobre a pesquisa em Ciências Sociais. 2. ed. rev. Maringá: Eduem, 2004. Cap. 3, p. 55-113.

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