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terça-feira, 12 de junho de 2012

O que é Qualis?

Adaptado de Cinefalopatas
A pergunta parece tola para aqueles que respiram cotidianamente a pós-graduação brasileira, mas, em conversas, com muitos colegas, percebi que há muito desconhecimento no ar.

O Qualis é um sistema de rankeamento da publicação de artigos dos professores e alunos de pós-graduação brasileira e, supostamente, abrange TODAS as revistas onde publicamos, em qualquer área do conhecimento (coisa de louco...).

O sistema atual tem 7 estratos:
  • A1 - para periódicos de excelência internacional reconhecidos como relevantes no Brasil (pode haver periódicos nacionais na lista desde que tenham alcance internacional) 
  • A2- para periódicos de excelência reconhecidos como relevantes no Brasil (é um nível realmente muito bom para se publicar) 
  • B1 - B2 - B3 = em ordem decrescente de "qualidade" para o "resto" dos periódicos
  • B4 e B5 = periódicos bem mais inferiores no sistema de avaliação 
  • C = é periódico só na definição técnica, mas tem por atribuição avaliativa valor=zero 
O sistema é para avaliação de programas de pós e não de pessoas. Apesar dos elaboradores do serem contrários à utilização do para a análise currículos pessoais essa prática vem sendo cada vez mais utilizada. Por ser destinado a programas os Qualis de uma revista ou de outra podem variar entre as áreas. Por exemplo a revista História, Ciências, Saúde-Manguinhos é B1 em Saúde Coletiva, porém, na área do programa ao qual eu estou vinculado (Ciências Sociais Aplicadas 1) ela é apenas B2. Ou seja, se eu, por acaso, publicasse um artigo nela, ele teria muito menor pontuação (para meu programa) do que se eu publicasse na revista Ciência da Informação, que é A2 na minha área e apenas B5 na área de História. 

Há uma regra de proporção que limita a quantidade dos que podem ser A1, A2 e B1, para, teoricamente, evitar que uma área acabe por nivelar por baixo sua produção e considerar quase que a totalidade de seus veículos como superiores à media. A aplicação de tal regra, no sistema atual também é vista como formalisticamente estagnadora do desenvolvimento dos programas, conforme defende João Pereira Leite em editorial da Revista Brasileira de Psiquiatria (veja aqui). Pelas definições, a soma de A1+A2 não pode se maior do que 25% dos periódicos nos quais cada área publica. Isso significa que nunca uma área poderá estar majoritariamente publicando em revistas de excelência, o que é corroborado pela outras duas regras de "qualificação":
  • a quantidade de periódicos em A1 tem que ser inferior à quantidade de periódicos elencados em A2; 
  • a soma de A1+A2+B1 não pode ser superior a somatória de todos os outros periódicos das demais categorias; ou seja não é possível que nenhuma área publique mais do que metade de seus artigos em revistas muito boas e/ou excelentes.
Maiores detalhes estão na página da CAPES (ver aqui), na qual há o link para a consulta dos periódicos na base de dados Qualis (não roda no Chrome, apenas no Firefox e no Internet Explorer).

Leia aqui outro post publicado neste blog sobre o Qualis.

2 comentários:

  1. Surpreendente essa avaliação, pois parece-me uma panela, onde revistas por mais que se empenhem não irão conseguir chegar a um nível melhor de avaliação.
    A revista Ciência da Informação do IBICT passou o ano de 2011 sem cumprir sua periodicidade e mesmo assim não teve seu qualis afetado!
    Ao meu ver uma revista que não cumpre sua periodicidade perderia sua credibilidade mediante um sistema avaliativo!

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  2. Fica claro - ao considerar A1 o topo - que a Qualis quer direcionar a pesquisa no Brasil para publicações internacionais - a questão é - para quem fazemos ciência? Isto é realmente algo indiscutível e que devamos aceitar?

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